terça-feira, 28 de junho de 2022

CEFALEIA TENSIONAL (ou TIPO TENSÃO)

1. Informações fundamentais (conceitos)


As cefaleias do tipo tensional (CTT) são caracterizadas como episódios recorrentes de cefaleia que duram de minutos a semanas. A dor é tipicamente do tipo pressão ou aperto, de intensidade leve a moderada e bilateral na localização, e não piora com a atividade física de rotina. Náuseas e vômitos geralmente estão ausentes.

A prevalência mundial é alta (provavelmente maior do que 70%), porém a maioria dos acometidos apresenta frequencia inferior a uma vez ao mês, motivo pelo qual não procuram assistência médica. 


2. Fisiopatologia


Apesar de ainda pouco conhecida, a fisiopatologia provavelmente envolve os mecanismos miofasciais pericranianos  na CTT episódica, enquanto a sensibilização das vias dolorosas no SNC, resultante de estímulos nociceptivos prolongados de tecidos miofasciais pericranianos, parece ser responsável pela conversão de CTT episódica em crônica.



3. Diagnóstico e critérios diagnósticos


A dor da CTT é geralmente descrita como opressiva, tipo pressão, constritiva ou dando uma sensação de cabeça pesada. Frequentemente os pacientes descrevem sua dor como como similar a usar um chapéu ou uma faixa apertada em volta da cabeça, ou carregar um peso na cabeça. A atividade física não tem influência na intensidade da cefaléia na maioria dos pacientes, o que ajuda a diferenciar o quadro clínica daquele visto na migrânea.

A CTT é dividida em subtipos episódio e crônico. O tipo episódico foi subdividido em um tipo infrequente, com episódios de cefaleia menos de uma vez por mês, e um tipo frequente. 2.2 A cefaleia do tipo tensional episódica frequente pode estar associada a uma incapacidade considerável e, por vezes, justifica o tratamento com medicamentos caros. Em contraste, 2.1 cefaléia do tipo tensional episódica infrequente, que ocorre em quase toda a população, geralmente tem muito pouco impacto no indivíduo e, na maioria dos casos, não requer atenção da classe médica.


Quadro 4  Critérios diagnósticos de cefaleia tipo tensão infrequente
Critérios diagnósticos
 A. Pelo menos 10 episódios de dor de cabeça ocorrendo em <1 dia / mês em média (<12 dias / ano) e atendendo aos critérios B-D
 B. Com duração de 30 minutos a 7 dias
 C. Pelo menos duas das seguintes quatro características:
- localização bilateral
- qualidade de pressão ou aperto (não pulsante)
- intensidade leve ou moderada
- não agravado pela atividade física de rotina, como caminhar ou subir escadas
 D. Ambos os seguintes:
- sem náuseas ou vômitos
- não mais do que um dos seguinte: fotofobia ou fonofobia
 E. Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3
Classificação Internacional das Cefaleias, 3a. edição


4. Achados complementares


Não se usam exames complementares para o diagnóstico de CTT. É importante que se excluam cefaleia secundárias, se houver um quadro clínico compatível, assim como reconhecer a presença de comorbidades e u,a eventual co-existência de migrânea.



5. Tratamento


É relevante identificar se há uso excessivo de medicamentos, assim como tranquilizar pacientes que tenham o diagnóstico de CTT crônica ou episódica frequente, que não raro mostram sérias preocupações quanto à possibilidade de uma doença mais séria, como um tumor. Explicações sobre o mecanismo com o qual o cérebro modula a percepção dolorosa podem ser úteis para este fim. É muito util que um paciente preencha um diário de cefaleia, para monitorização da frequência e gravidade dos sintomas, assim como dar uma real estimativa da frequência de uso de analgésicos.

Estratégias de tratamento não farmacológico, nos casos episódicos infrequentes, incluem uso de ácido acetilsalicílico (1000 mg), paracetamol (750-1000 mg), naproxeno (375-550 mg), cetoprofeno (25-50 mg), ibuprofeno (200-400 mg), entre outros. Os AINEs são possivelmente mais eficazes que paracetamol e ácido acetilsalicílico. Opióides são proscritos.

Nos casos crônicos, é relevante se identificar e suspender o abuso de analgésicos. Os antidepressivos tricíciclos, especialmente a amitriptilina (em dose inicial de 10 a 25 mg/dia), são muito eficazes na profilaxia de dor em casos de CTT crônica.