Epidemiologia
Incidência: 1:50.000 pessoas;
Risco de déficit cognitivo aumenta quanto mais precoce for o início dos sintomas;
Etiologia
-Doença autossômica dominante, com expressividade variável;
- 50% dos casos são esporádicos;
- Mutações em dois genes distintos podem causara esclerose tuberosa: TSC1 (9q43) TSC2 (16p13). O primeiro expressa a proteína hamartina, encontrada nos centrossomos, e o secundo a tuberina, um fator de transcricão encontrado no aparelho de Golgi e no núcleo;
- História familiar está presente em 75% dos casos familiares;
a. Membros da família tem, frequentemente, história de convulsões. RNM encontra os tubérculos característicos.
Patogenia
- A célula gigante da esclerose tuberosa pode se devenvolver como uma célula glial ou neuronal;
- Pode resultar em hamartomas, gliomas francos ou gliose difusa;
- O supercrescimento de astrócitos é associado à esclerose;
- Nódulos calcificados com projeções intraventriculares, semelhantes a "gotas de vela";
- Alterações malignas podem resultar em transformação no tubérculo em astrocitoma.
Manifestações clínicas
1. Neurológicas
- Retardo mental, crises convulsivas, aumento da pressão intracraniana e demência, do tipo difuso.
2. Crises convulsivas
- Pode se apresentar como espasmos infantis (refratrário ao tratamento)
- Eletroencefalograma com hipsarritmias (como uma síndrome de West secundária)
- Tardiamente pode apresentar crises focais do tipo marcha Jacksoniana;
- Pode haver autismo associado;
3. Hidrocefalia com hipertensão intracraniana
- Obstrução do forame de Monroe
- Transformação maligna
4. Dermatológicas
- Antes dos 3 anos: manchas em folha de freixo (áreas hipopigmentadas), manchas café-com-leite, manchas chágrem (espessamentos coriáceos em áreas localizadas)
- Tardiamente: Fibromas sub e periungueais, teleangiectasias e adenoma sebáceo;
5. Manchas em folha de freixo
- Hipopigmentadas, planas, visível com lâmpada de Wood, presente em 0,2-0,3% de recém-nascidos normais;
6. Manchas chágrem
- Espessamento, área cutânea elevada, com consistência de casca de laranja, frequentemente vistas na região lombossacra;
7. Oftalmológicas
- Hamartomas retinianos;
- Proliferação benigna de astrócitos na retina;
8. Hamartomas retinianos
- Lesões multinodulares císticas, amareladas, no disco ótico ou em outra região retiniana;
9. Rabdomiomas cardíacos
- em 50% dos casos;
- raramente causam obstrução mecânica, insuficiência cardíaca ou arritmia;
- típica regressão espontânea;
10. Renal
- Hamartomas renais;
- Doença renal policística;
Anomalias congênitas associadas
- Espinha bífida
- Lábio leporino
- Agenesia do corpo caloso
- Onfalocele
- Histiocitose do sítio esplênico
Critérios diagnósticos
I) Dois critérios maiores ou um maior e dois menores: diagnóstico definitivo;
II) Um critério maior e um menor: diagnóstico provável;
III) Um critério maior ou dois menores: diagnóstico possível;
Critérios maiores
1) Angiofibroma facial
2) Fibroma subungueal
3) Manchas chágrem
4) Mácula hipomelanocítica
5) Tubérculo cortical
6) Nódulo subependimário
7) Tumor de células gigantes subependimário
8) Hamartoma retiniano
9) Rabdomioma cardíaco
10) Angiomiolipoma renal
11) Linfangiomiomatose pulmonar
Critérios menores
1) Múltiplas manchas no esmalte dentário;
2) Pólipos colorretais hamartamatosos;
3) Cistos ósseos;
4) Linhas de migração radial da substância branca cerebral;
5) Fibromas gengivais;
6) Macha acrômica na retina;
7) Lesões cutâneas em "confete" (agrupamentos de lesões pequenas, levemente pigmentadas);
8) Múltiplos cistos renais;
Work-up diagnóstico
- Alto nível de suspeita no diagnóstico dos "espasmos infantis"
- Estudos basais: ecocardiograma, US abdome, Radiografia simples de tórax
- TC de crânio pode demonstrar calcificações intracranianas;
- RNM é mais acurada que a TC para os seguintes achados:
a- hamartomas periventriculares;
b- lesões da substância branca;
c- hidrocefalia;
- EEG: detectar o padrão eletroencefalográfico das crises convulsivas associadas;
- US renal ou pielografia intravenosa para a documentação das anormalidades renais;
- Espécime anatomo-patológico:
a- não é imprescindível para o diagnóstico;
b- o tubérculo consiste em uma proliferação anormal de astrócitos;
c- Células gigantes multinucleadas são visíveis;
Tratamento
- Sintomático, com anti-epilépticos, para o controle das crises convulsivas;
- Intervenção neurocirúrgica, se houver hipertensão intracraniana;
Prognóstico
- Depende da gravidade da desordem epiléptica secundária e da disfunção cognitiva;
- 75% morrem antes dos 25 anos de idade, devido à:
a- complicação da epilepsia;
b- infecção intercorrente;
c- eventualmente, insuficiência cardíaca ou fibrose pulmonar;
Para mais informações, visite o relato de caso abaixo: